Quero, antes de mais nada, desculpar-me por este longo período de ausência. Depois do conteúdo pornográfico explícito da minha última crônica, estive todo esse tempo respondendo às ameaças e ofensas de grupos moralistas como a “Associação das Mulheres de Votuporanga pela Moral e Bons Costumes”, a “Liga das Carolas Bauruenses pelo Fim da Pouca Vergonha” etc. Decidi voltar, debaixo de ameaça, com uma crônica mais “certinha” (não se preocupe, leitor assanhado; a obscenidade voltará proximamente a este blog, quando toda aquela mulherada der uma acalmada).
África do Sul
Já faz muito tempo que eu não vibrava com uma Copa do Mundo. Tenho a má sorte de fazer aniversário no início de julho, e já coincidiu de o Brasil perder justo no meu dia (uma vez foi para a Argentina, que raiva do Maradona! Só não vou falar qual Copa foi, para ninguém descobrir minha idade). À parte esta coincidência, tem o fato de que vivo fora do Brasil há oito anos, e um brasileiro morando no exterior quase não se “contagia” com o espírito dessa época. Inclusive, cheguei a acreditar que sou cosmopolita demais para torcer pelo Brasil — por que não torcer pelo Chile, já que vivo aqui há tanto tempo? Também tem aquela de tentar bancar acadêmica, polida e educada e achar que futebol e Copa do Mundo é só para iletrados. Para que sublimar os sentimentos e emoções nos resultados de um esporte realizado em outro continente, por gente que nunca vi de perto? Só porque eles são brasileiros e eu também? Tenho meus próprios dramas para rir e chorar, minha própria vida para cuidar e não vou perder meu tempo. Sim, eu tentei, em nome do bom-senso, deixar essa coisa de lado. Sabe o que mais? Tudo isso foi inútil, eu estava errada. Justamente porque não moro no Brasil é que quero ter, por alguns longos e tensos minutos, os mesmos sentimentos e emoções de todo o pessoal lá do meu país. Já me contagiei novamente, estou morrendo de vontade de ver os gols do Brasil, gritar, chorar, rir e celebrar. E que vença o Brasil! Minha vida não vai mudar com isso, eu sei, mas gosto de pensar que meu país tem o melhor futebol do mundo. É com orgulho e superioridade que penso em todos os outros países que gostariam de estar no nosso lugar e comemorar a taça tantas vezes como nós já comemoramos (não é verdade, Itália?). À parte todo o dinheiro e marketing envolvido, na verdade são apenas alguns marmanjos correndo atrás de uma bola, e milhões de pessoas torcendo por um gol. Mas que gol!