Mãe de adolescente menino é o bicho mais estranho, desproporcional e psicótico que existe. Só não é mais esquisito que o próprio adolescente. Por quê? Porque quando ele conta que arrumou a primeira namorada a gente (admito que sou uma dessas loucas) começa a maquinar: “Espero que seja feia, chata, mal educada e, se for burra, ainda melhor”. Por quê? Porque daí a gente fica na orelha dele: “Tem certeza que vai namorar essa daí?” Por quê? Porque temos ciúme, muito ciúme da primeira namorada do filho. Claro que depois a gente melhora. Mas a primeira namorada do filho é o primeiro grande desafio da mãe ciumenta, um divisor de águas, o primeiro sinal do Apocalipse e o grande teste da nossa maturidade, pois não queremos dividir nosso pimpolho com ninguém. Quando o primeiro namoro não dá certo, e ele vem chorar nos nossos braços, sentimos um alívio enorme de que não perdemos nosso bebê para outra. Então, ele parte para o segundo namoro e as mães mais ou menos normais desistem da exclusividade e aceitam o inevitável e o racional: namorada pode ter várias, mas mãe só tem uma.

Mas voltemos para a primeira namorada. A gente torce para que a garota tenha todos os defeitos do mundo, até chegar o dia em que a moça vem conhecer a família. Secretamente esperamos a entrada da filha caçula do Godzilla e tchan! Aparece a garota mais linda, meiga, inteligente e simpática que já vimos na vida. Que decepção! Mas respiramos fundo e tentamos encontrar defeitos na criatura. “Acho que nem sabe fazer bolo de fubá”, mas descobrimos que tomou aulas de chef no verão. “Não deve entender de política”, pois acreditamos que apenas uma PhD com 16 anos de idade está à altura do nosso filho (que, diga-se de passagem, ainda faz reforço de matemática). Mas ela conta que sua menor nota é B+.

Pouco a pouco, começamos a sentir um afeto sincero pela norinha; tentamos perdoar sua perfeição. “Filho, você já comprou os chocolates? O Valentines é amanhã.” “Não saia de casa sem tomar banho, escovar os dentes, passar desodorante e cortar as unhas; mulher gosta de homem asseado”, e ele resmunga qualquer coisa. Tempos depois, o filho conta, com os olhos lacrimejantes, que a menina terminou o namoro, argumentou uma tal “falta de maturidade”, e não sabe mais o que. “Tudo bem, querido, primeiro amor é assim, outras virão.” Infelizmente, porque já estávamos planejando o casamento e imaginando a carinha do neto. Mas o filho limpa o nariz na manga da camiseta e vai jogar videogame. Tristemente nos damos conta de que a cria do Godizilla é mesmo nosso filho.