Não sei o leitor, mas adoro manualidades. Já fiz um pouco de tudo: crochê, tricô, bordado, ponto-cruz, artesanato com papel, colagem, aquarela…

Com exceção do ponto-cruz, que aprendi a fazer o avesso perfeito, nunca alcancei a excelência em nenhuma outra técnica. Na verdade, eu gosto de começar, aprender um pouco, quebrar a cabeça para melhorar, depois enjoo e vou fazer outra coisa. Tenho um armário cheinho de papéis, botões coloridos, feltro, lantejoulas, linhas, agulhas e mais uma porção de materiais para artesanato, mas nunca fiquei muito tempo em uma coisa só. Acho que, na verdade, eu gosto mesmo de relaxar trabalhando em algum projeto interessante. A maioria das técnicas exige que a mão seja levinha, delicada, que coloque atenção e capricho. Tem que relaxar e esquecer os caroços da vida por algumas horas. E nesse vai e vem de linhas e agulhas, o estresse vai embora rapidinho. Mas precisa caprichar para dar certo, mas se se não der certo, tudo bem. É apenas um passatempo, a minha vida não depende disso. Na verdade, o que depende disso é a minha sanidade mental. Uma das formas que encontrei para alcançar um equilíbrio é fazer alguma atividade sem a preocupação com o resultado, o julgamento dos outros ou o salário no fim do mês. Quero fazer bem por fazer, porque o fazer me faz bem. Que bom seria se tudo na vida fosse simples assim!

Também gosto muito da ideia de reciclagem e transformação, que está na essência do artesanato. Uns fios de linha e uma toalha sem graça se transformam em uma peça de decoração. Alguns recortes de papel colorido viram um cartão de aniversário único, que coloca um sorriso no rosto de quem recebe. Uma colcha de retalhos não é apenas uma pequena obra de arte, também é entregar uma segunda oportunidade para restos de tecido que iriam parar no lixo. A nossa vida é também feita de pedaços: alguns são coloridos e alegres, mas outros estão rasgados e feios. É só colocar paciência e capricho, costurar as experiências boas e más, juntar os retalhos vividos com amor e coragem para renascer a esperança na nossa vida que, embora remendada e costurada, ainda aquece e é bonita de viver.